Locais que não respiram adequadamente tornam-se sufocantes e pesados por conta da energia estagnada, podendo trazer desequilíbrios e doenças aos seus habitantes. Uma das técnicas que o Feng Shui utiliza para promover o equilíbrio energético aos espaços é a liberação desse fluxo, dessa respiração (Chi, Ki, Prana, Energia Vital). Isso pode explicar porque objetos com movimento (fontes, móbiles, sinos do vento etc.) são bem-vindos nas nossas moradas.
Imagine então o quanto um ser vivo pode movimentar a sua casa, a sua família e a sua vida!
Animais domésticos podem trazem muita energia boa para nossas vidas e aos ambientes também. Ao transitarem por nossas moradas, a movimentação e a alegria dos animais de estimação ajudam a energia fluir nos espaços. Muitos estudos e pesquisas também comprovam os benefícios que a companhia dos animais pode trazer para a saúde humana, inclusive em ambientes hospitalares, com bebês, crianças, pessoas com deficiências e idosos.
Culturas mais antigas acreditam que cães e gatos promovem uma interação ainda mais profunda com os espaços, captando e absorvendo as energias destes locais e dos seus habitantes, servindo como um “filtro” energético para ambos. A Geobiologia (estudo da vida em relação ao planeta e do impacto das construções sobre a saúde humana) aponta que existem ondas telúricas (emanadas pelo planeta Terra) como magnetismo, falhas geológicas e veios de água subterrâneas que podem alterar a nossa fisiologia trazendo desequilíbrios físicos, podendo causar diversos tipos de doenças aos humanos. Os animais, por serem dotados de grande sensibilidade para detectar a localização destes pontos energéticos, podem ser nossos aliados.
Companheiros fiéis, os cães instintivamente nos protegem física e energeticamente, sendo os primeiros a perceber as energias nocivas nos espaços, demonstrando-se muito agitados ou muito quietos, evitando locais onde a energia não está saudável. Então, ao observá-los, podemos escolher para nós os locais mais adequados para nossa permanência prolongada, como para dormir, trabalhar, ler, conversar.
Os gatos, por sua vez, têm uma característica diferente em relação a essas energias, atuando como uma espécie de catalisadores, renovando-as e transmutando-as, ao invés de absorvê-las, sem serem prejudicados por elas. Logo, locais onde gatos permanecem parados por muito tempo, podem indicar que a energia não está circulando adequadamente ali, podendo ser um local nocivo aos humanos.
Além disso, devido a compaixão e amor incondicional que estes animais sentem por nós, pode ser estabelecida uma ligação energética muito intensa onde eles podem absorver nossos padrões de vibração e desequilíbrios envolvendo manifestações emocionais, mentais e sintomas físicos, para nos limpar. É um eterno dar e receber: nós cuidamos deles e, em agradecimento, eles cuidam de nós!
E, por falar em amor, compartilho no texto abaixo a experiência de troca intensa que estabeleci com estes seres tão especiais que o Universo escolheu para habitar em nossa morada e em nossos corações!
Ela chegou em nossas vidas inesperadamente: um querido amigo deixou esse “pacotinho” na portaria do nosso prédio, acompanhado por um saco de ração e um potinho para água, como um delivery, porém sem termos feito pedido…
Antes de olhar para ela, dentro da casinha de cachorro, eu já disse NÃO! Não queria… Éramos recém casados, optamos por não ter filhos, nós dois trabalhamos, o apartamento tinha pouca mobília mas a que tinha era nova… não, eu não havia pedido por um cachorro naquele momento da minha vida! E o Marcos, ponderado como sempre, respondeu: “Mas ela precisa de uma família… Vamos ser os pais dela?”
Nunca vou esquecer aquele momento em que tomei coragem e a segurei no colo. Eu sabia que aquele calor do corpinho dela no meu transcendia qualquer sentimento que eu já tinha experimentado. E que linda ela é! Toda branquinha, uma mancha preta em cada olho, a menorzinha parecia até ter sido feita com delineador. Parecia uma mistura de panda, com porco, tatu, rato e sei lá mais o que… ela era esquisita, engraçada e linda!… rsrsrs
Nem precisei pensar para escolher o nome dela. Já estava escolhido: LUNA! Branquinha como a lua, aquele astro que sempre me seduziu…
Obviamente fui investigar e descobri que ela era do signo de Câncer. Sim, os animais também têm a sua personalidade influenciada pelos astros! Câncer é um signo regido pela lua. Elemento água, emotivo, profundamente ligado à família, à casa e a crianças. Seres que vibram nesta sintonia costumam ser bons amigos, companheiros e leais.
O símbolo que representa este signo é o caranguejo, um crustáceo que tem a sua casca dura por fora, protegendo a carne molinha (as emoções) por dentro.
E assim foi: encantou e tomou conta do coração de cada pessoa das nossas famílias, tornando-se um verdadeiro membro delas! Minha mãe dizia assim quando a via: “a netinha da vovó”! E meu pai: “a boneca do zeide” (avô em Iídiche). Minha irmã e a minha cunhada Priscila a chamavam “a neném da titia”…
Ah Luna… quantos momentos ainda estavam por vir. Quantos sustos, quantas aventuras, quanto amor envolvido! Aventureira, teimosa e curiosa como a mãe (eu!); protetora e carinhosa como o pai.
Era a cadela com dentes de tubarão mais doce que já existiu kkk! Ahhh ganhou uma legião de fãs pelo bairro e por onde passava. Ficou famosa mesmo… todo mundo que a conhecia se surpreendia com a sua doçura!
Quando eu a levava para passear (cheia de orgulho) muitas pessoas desviavam na rua, me olhando feio. Porém quando alguém decidia chegar perto ela imediatamente virava aquela pança cor de rosa para cima, quase como uma cambalhota desengonçada e abria as perninhas batendo o rabicó!
Oito anos depois da chegada da Luna, adotamos a Nina. A Nina era tia da Luna, filha do mesmo ‘pai’ que nos presenteou com a Luna. Era braba que só ela, imponente, mas um doce com quem ela conhecia e de quem gostava (beeeem poucas pessoas!).
Vivia em um canil fantástico, com outros cães e, naquela época, ela tinha perdido seu único filhote. Depois desse episódio, ela engoliu um pedaço de arame, que lhe perfurou tudo por dentro, e ela quase morreu. A gente dizia que ela tinha tentado suicídio…
Após passar por cirurgia, sabíamos que ela precisaria de cuidados dia e noite para sobreviver e decidimos trazê-la para nossa casa, para cuidar de sua recuperação delicada. No começo a Luna ficou suuuper enciumada, claro. E, mesmo parecendo um Frankestein, toda costurada, a Nina já chegou dominando o pedaço.
Assim que a Nina se recuperou, arrancou um pedaço da orelha da Luna em uma brincadeira. Quase surtei! Também deu uma cabeçada na testa da minha mãe, que teve que tomar cinco pontos pelo “beijo roubado”… e por aí vai…
Foram anos intensos, com infinitas lembranças maravilhosas e outras não tão boas, como tudo na vida.
Pouco tempo depois a Nina teve que enfrentar 16 sessões de quimioterapia por conta de um tumor na perna. Depois fez uma cirurgia para a retirada de um mastocitoma (e viva o Dr. Rodrigo Ubukata que cuidou dela neste processo!). Depois deste episódio ainda viveu mais nove anos, até os dezessete. Baita guerreira!
A Luna, por sua vez, teve praticamente todas as doenças que um cão pode ter – gastrite, diversas infecções urinárias, alterações renais, alergias, picada de carrapato, pancreatite etc.- e graças à querida e mega competente Dra. Lúcia Rondas, que cuidou das duas desde que nasceram, a Luna viveu até os 16 anos.
Eu acredito que parte desta longa jornada teve o AMOR como o maior combustível! Ah como eram amadas… Mas, como eu costumo dizer: não há recompensa sem esforço. Aff… e como eu me esforcei para proporcionar qualidade de vida para elas!
Cuidava delas da mesma maneira como cuido de mim: muita atividade física, contato com a natureza, alimentação saudável, água de boa qualidade, além das super eficazes terapias integrativas, que elas aceitavam facilmente: florais de Bach, acupuntura, homeopatia, reiki, aromaterapia, óleos essenciais e tudo o mais. Só faltava elas praticarem yoga… rsrsrs
E, conforme o ciclo da vida, em 2015 perdi meu querido e amado pai, aos 84 anos, com um câncer de pâncreas. Logo em seguida, a Nina, que era muito ligada a ele, desenvolveu uma patologia também no pâncreas, falecendo em janeiro de 2017. Foram dois anos intensos e muito sofridos.
Na véspera do aniversário do Marcos, em outubro de 2017, descobrimos um câncer pulmonar na Luna. Coincidência ou não, na Medicina Tradicional Chinesa, escola da qual o Feng Shui faz parte, os órgãos do nosso corpo físico estão relacionados com as nossas emoções:
Foram mais dois anos e meio intensos e de muito aprendizado, exercitando a tolerância, a paciência, a confiança e, mais forte que tudo isso, o AMOR ao próximo. Um período em que nunca me senti tão desnorteada (sem norte, sem direção), porém eu me esforçava a cada momento para não permitir que a Luna sentisse a minha dor.
Me esforçava para não olhar para ela como um ser doente e esta postura é fundamental para que o outro não receba a nossa vibração de tristeza e a absorva. É um baita exercício! Medos, dúvidas, angústia, tristeza, tensão… Haja yoga, meditação, terapia e massagens (dei muito trabalho para eficiente Lucielma acalmar meus músculos e minhas dores físicas causadas por este processo. É, o corpo fala…) Também sou eternamente grata à sabedoria da minha mestra de yoga Sueli e das minhas queridas amigas iluminadas do yoga (nome do nosso grupo de WattsApp) Monika, Maura e Rosana, que me acolheram com tanta paciência e amor.
Em momento algum eu abri mão dos meus treinos na academia Competition. Era a minha melhor válvula de escape, meu detox. Era onde eu também buscava me fortalecer para aguentar o tranco. Nas últimas semanas de vida dela, algumas vezes eu treinava chorando, em prantos mesmo no meio da sala de musculação. Estranhamente eu não estava nem aí para o que os outros podiam pensar… A minha dor era só minha e ninguém tinha nada a ver com isso! Minha querida personal Fernanda Borges me ajudou bastante também neste processo, com muita paciência e sempre me desafiando na rotina de treinos com malabarismos malucos para me trazer foco e conexão comigo.
Na busca do equilíbrio para lidar com a minha dor, segui na direção da minha paixão pelos cinco elementos/forças da Natureza que utilizo no processo de Harmonização de Ambientes e iniciei a pratica do Wu Tao Dance com a Thais Neri, que trabalha estes elementos em nós por meio da dança. Foi incrível e emocionante!
Incríveis as sintonias: nessa fase da doença, a Luna escolheu passar a maior parte dos seus dias em um nicho com cristais de ametista e quartzo rosa que existe no lavabo da minha morada. Eu falava com orgulho: ela é zen que nem a mãe! os cristais nascem da terra, são como joias, pedras preciosas para mim. A natureza é realmente uma força abundante de sabedoria e nutrição.
Cada cristal contém uma vibração que nos traz equilíbrio e também equilibra nossos espaços físicos: a ametista é o cristal que representa transformação, transmutação, sabedoria, meditação e humildade. O quartzo rosa trabalha a energia em nível emocional. Utilizado para a cura de desajustes afetivos, representa o amor incondicional, a aceitação e a gratidão.
Mas como tudo sempre tem os dois lados, eu costumo dizer que (geralmente) o câncer é uma doença que nos dá uma oportunidade incrível: a de nos despedir do doente. E isso é uma dádiva! Eu pude dizer e demonstrar para o meu pai todo o meu amor e tudo o que ele representava para mim. Mortes súbitas não nos dão esta oportunidade, apesar de poupar a vítima de sofrimentos prolongados.
Não existe melhor ou pior. Existe como reagimos e lidamos com as situações que a vida nos apresenta. Devemos nos esforçar para enxergar o lado bom em cada situação desafiadora. Acredite, ele sempre existe e nos traz muito crescimento.
Não deixe para a última hora, nem espere o momento certo para demostrar o seu amor, pois esse momento pode não chegar.
Pode ser cada dia um pouquinho… mas fale, demonstre, faça tudo o que puder e estiver ao seu alcance, do seu jeito. Esta atitude certamente pode aliviar um peso gigante das suas costas após a partida do ser amado.
A situação da Luna começou a se complicar bastante… Tomando muitos remédios, soro diariamente…
Meu aniversário estava chegando e dessa vez decidi celebrar a data de forma diferente (sim, temos que celebrar a vida todos os dias, mesmo em momentos de dor). Minha segunda casa, a Competition, me concedeu a linda oportunidade de celebrar a data com uma aula mais que especial de dança circular que aconteceria conduzida pela admirada Adriana Mallem.
Este ritual (quase não sou fã deles… rsrs) é um momento em que, de mãos dadas, resgatamos o estar junto, o unir forças, o celebrar e o agradecer.
E, como não podia deixar de ser, levei a Luna comigo, do jeito que era possível, sem que as pessoas ali soubessem. Escolhi um punhado dos cristais onde ela gostava de ficar e levei para ser consagrado por todas aquelas mulheres maravilhosas ali presentes, incluindo minha mãe Rachel, minha irmã Liane, a Monika Debasa, Flávia Brunoro e Marizeth Estrela (minhas irmãs de alma) além das queridas Renata Dias e Yael Steiner, amigas que foram me homenagear na aula de dança, vibrando por mim naquele momento. Foi muito emocionante, lindo! Foi mágico!
No mês seguinte, 5 de julho era o aniversário da Luna, que sempre foi muuuuito gulosa, e o sinal de que o momento que eu mais temia estava se aproximando foi quando ela já não queria mais comer… ela até se esforçava, mas não conseguia. Triste de ver… Ela visivelmente piorava a cada dia. Crises de tosse, falta de ar… Neste momento não consegui manter o meu olhar complacente.
Ela estava sofrendo e não podíamos ser egoístas, prolongando uma vida sem autonomia, sem qualidade.
No dia em que infelizmente tivemos que nos despedir dela, fizemos um ritual de despedida para ela que, em meio à dor, nos trouxe um pouco de paz… foi e será inesquecível.
Tínhamos decidido que a despedida seria no nosso sítio, no meio do mato, lugar que ela amava.
Demos um banho gostoso nela no gramado como sempre fazíamos, pra ela ficar beeeem cheirosa e limpinha. Secou os pelinhos ao sol do meio dia.
Depois telefonamos para todas as pessoas que a Luna amava, para que cada uma pudesse ter a última oportunidade de expressar o seu amor por ela. E para cada um que falava do seu jeitinho com ela no Facetime com o seu tom de voz particular, ela tinha uma reação diferente: cheirou o ar procurando a minha mãe. Balançou as orelhas para minha irmã e sobrinho Michel, com o olhar ficou procurando meus cunhados Márcio e Priscila… Carreguei ela no colo (já não conseguia mais andar) passando por cada cômodo da casa e cantinho do terreno, falando em voz alta o que ela tinha vivido ali.
Oferecemos um pedacinho de nêspera (que ela adorava comer e sempre passava mal com o caroço depois…) e ela deu uma mordidinha… dei um pedacinho bem pequenininho do meu peixe e ela também aceitou!
Me sentei com ela ao sol, no meu colo eu caí em prantos, arrasada… Foi então que ela me deu o maior presente que eu podia receber no meio de tanta dor: virou a cabecinha, me olhou nos olhos e lambeu as minhas lágrimas…
Eu entendi aquele gesto como um agradecimento e também uma concessão da parte dela. Ela estava sofrendo demais… lutou bravamente e não se entregou momento algum. E mais uma vez chegava um daqueles momentos desafiadores da vida…
Forramos o local onde ela está descansando, com os cristais que foram consagrados no dia do meu aniversário… Algumas pedrinhas dessas eu separei para montar a caixinha de lembrança (que ganhei de presente de aniversário da querida Bia PB) junto com outros itens da Luna: o vidrinho de floral que ela estava tomando para facilitar o desprendimento, a roupinha, o cobertor e a coleira.
Recebemos lindas mensagens de conforto e apoio e uma das mais sensíveis foi da minha acupunturista Adriana Shapo, que dizia:
“A morte não é o fim e, no caso da Luna, representa a libertação de um corpo físico para uma caminhada livre e de paz.”
Eu acredito que um ser só morre quando deixamos de lembrar dele ou falar sobre ele.
E, como na minha filosofia de vida existem múltiplas formas de conexão, o amor e as lembranças não morrem nunca. E, assim, meu pai, Nina e Luna vivem em nossos corações, para sempre!
Revisão dos textos:
Adriana Vazzoler-Mendonça
adriana.italia@gmail.com
(19) 99175-9893
5 Comments
Querida aluna de tantos anos ja e hj uma amiga q sei q posso contar por esse grande coração, que linda história, eh um Privilégio ter tido esse punhado de sentimentos e emoções c seus filhos, espero q vc tenha mais durante a vida, pq eh isso q a gente leva dela! Te admiro! Obrigada pelo carinho e lembranca de mim ao seu texto! ❤😘
Lindo,Lais,emocionante!
Quanto amor,quanta sensibilidade.Emocionante!
Parabéns Laís, a busca da vida saudável e equilibrada é uma das formas mais sensacionais de se viver.
Agradeço de coração seu incentivo! bjs